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sábado, 11 de abril de 2020

PARTE 2 - PARTINDO PARA A ESPANHA




Nada melhor que o nascer do sol para motivar o dia. A luz do sol ilumina o aeroporto, muitas pessoas indo e vindo por motivos diversos, muitas vidas com muitas histórias interessantes se cruzando. Meu alerta estava sendo ligado.
O sol nasce na capital Russa e cresce a ansiedade para iniciar a viagem. Destino Madrid. A viagem de 3 horas entre o solo Russo e a Espanha seria o primeiro passo. Depois de vários meses de preparação física e mental para a jornada, chegava a hora de dar início ao grande momento em busca de algo que eu não tinha certeza do que era.
A viagem foi tranquila, com bastante tempo para ler, refletir, projetar situações para a viagem e ir em busca do desconhecido, levando comigo apenas o mínimo necessário.
Aqui cabe um parêntese sobre outros aprendizados de vida que não envolvem o caminho, mas que foram utilizados durante ele. Geralmente quando se fala em viajar para fora do país temos a preocupação com o idioma que precisaremos para nos comunicar. Neste momento da viagem eu já havia morado 7 anos fora do Brasil, sendo 5 anos na Rússia e 2 anos na Polônia. Com isso, pude observar que o que realmente nos impede de nos comunicar em outros países é o receio e a preocupação com o perfeccionismo em falar corretamente outro idioma. Mas a experiência me mostrou que sempre encontramos um jeito de nos fazer entender, existem canais de comunicação que são universais e todos entendem ou se faz entender com um pouco de atenção e boa vontade. Para aproveitar bem uma viagem, a comunicação não é um problema, apenas mais um desafio.
Depois de encontrar o hotel e deixar as malas, era o momento de andar pela cidade. Um pouco de turismo despretensioso antes de começar a imersão por um mundo desconhecido.
Para esta viagem, além de fazer o caminho, também fui com a pretensão de conhecer lugares novos, e Madrid é um lugar muito atrativo. Os momentos de lazer e diversão também devem ser vividos com muita intensidade, ainda mais em um local onde a história é visível em diversas partes da cidade. Sentar e tomar um bom café, pegar um pouco de sol no início da primavera na Europa durante a tarde, são momentos bem apreciados nestes países. Ver as pessoas na rua passeando, dando brilho as praças, pegando sol em suas varandas. 

Este cenário fez com que viesse em mente o caminho que teria pela frente e sobre os motivos para fazê-lo, e observei que as pessoas eram um grande motivo. 
Encontrar e conhecer pessoas de vários lugares, fazendo o mesmo trajeto ou outro, já que existem várias vias para se chegar a Santiago de Compostela, indo ou vindo.... Alguns, como eu, estavam fazendo o caminho pela primeira vez, enquanto outros faziam o caminho pela segunda, terceira, quarta.... vez. Muitas histórias de vida, muitas experiências e muitos motivos diferentes para estarem ali.
As pessoas são um grande livro da vida real, onde cada um é escrito de uma forma, com diversos capítulos, muitos parecidos com os que conhecemos, outros com histórias que jamais poderíamos imaginar viver ou conhecer alguém que teria vivido. Muita aventura, muito drama, muita comédia e tudo isso sobre a vida real. Poder participar de um capítulo do livro de alguém que você conhece num dia, e também incluir este personagem no livro da nossa jornada, é muito gratificante.
O caminho não havia começado ainda e as pessoas seriam um bom motivo para fazê-lo. Porém, para poder conhecer novas pessoas e absorver suas histórias, seria necessário me livrar do principal problema que impede muitos de ter esta experiência: o preconceito. Em nosso dia a dia, ao vermos alguém que está fora dos padrões que temos em nossa mente, o primeiro passo é nos afastar por julgar antes mesmo de qualquer troca de palavra. Infelizmente, não temos o hábito de parar para dar atenção as pessoas de uma forma mais aberta, sem preconceitos, apenas ouvindo o que elas tem a dizer sem julgamento algum.
Teria um breve período para pensar sobre estas questões e fazer o meu caminho com o primeiro motivo em mente, conhecer pessoas sem prévios julgamentos e estar aberto para ouvir e também falar sobre as experiências da vida. No dia seguinte iria começar a jornada. O ponto inicial do Caminho Primitivo é Oviedo, onde eu iria pela manhã, dormiria em um albergue e então estaria pronto para começar a caminhada e viver a grande experiência.
Hora de descansar, mas antes, um bom hambúrguer em uma taperia clássica Espanhola e uma saudação em Russo “Dobre Vetchera”(boa noite). Após 5 anos morando na Rússia as pessoas já estavam me identificando com um cidadão russo. Devo admitir que minha aparência tem uma similaridade com as pessoas deste país.
Hora de voltar para o hotel e descansar, tentar baixar a ansiedade para o dia seguinte e aguardar as aventuras que me esperavam.
Madrid teria que aguardar para a volta. 

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom meu amor.
Como é importante sonharmos, acreditarmos que tudo é possível e ir em busca de sua realização.
Te amo!!

Giovani Foppa disse...

Adorando o episódio...
Neste, alguns trechos chamaram minha atenção, vez que, há muito, acolho a vontade de perfazer este Caminho:
1- Condicionamentos físico e mental, por entender que são ingredientes importantíssimos para esta empreitada;
2-As pessoas são um grande livro da vida real. Penso que esta sacação só nasce no coração de quem está, realmente, interessado em aprender. Pela sensibilidade que suas palavras encerram, tudo me leva a crer que você foi abençoado com esta percepção. 👏🏻👏🏻👏🏻
3-Abandonar o preconceito e simplesmente observar os padrões que foram implantados em nossa mente e não fazermos qualquer julgamento. Ouvir as experiências e deixá-las seguirem seu fluxo é mais um aprendizado para a minha vida.
Bastante empolgada para ler o próximo!!!
Comentário de Sandra Mara